Como as escolas podem incentivar o empreendedorismo nos alunos?Tempo de leitura estimado: 7 min.
01 dezembro 2021
Educador
É sabido que crianças e jovens que são estimulados a aprender e realizar atividades relacionadas com a maior variedade possível de temas durante os anos de formação, inclusive o empreendedorismo, se tornam adultos mais preparados e criativos.
Em um país com uma cultura empreendedora tão forte quanto o Brasil, incentivar a postura empreendedora nas crianças é uma ótima maneira de prepará-las para o futuro. Quer saber como? Entenda os benefícios do empreendedorismo para as crianças.
O que é empreendedorismo?
De acordo com o economista austríaco Joseph A. Schumpeter:
“o empreendedorismo está ligado ao desenvolvimento econômico.”
Segundo ele, empreender é inovar a ponto de criar condições para uma radical transformação de uma determinada área. Ou seja, com a criação de novos produtos, métodos ou mercados, o empreendedor cria o novo.
Mas essa definição não é a ideal para a compreensão e engajamento de uma criança no tema. Uma maneira de simplificar esse assunto é apresentando empreendedores. Oferecer às crianças a chance de conhecer ou conversar com esse profissional mostrará que a criatividade e autonomia são essenciais para o futuro.
3 exemplos de empreendedorismo infantil
Asia Newson
Desde os 5 anos de idade, Asia Newson já mostrava paixão pelo empreendedorismo. Ainda pequena, ela ajudava o pai no negócio da família, de fabricação de velas. Aos 11, ela criou sua própria empresa de velas, a Super Business Girl.
Já o capital social do negócio é utilizado em outra paixão de Asia: ajudar o próximo. Com o dinheiro, ela auxilia outras crianças a desenvolverem suas habilidades para empreender.
Anshul Samar
Com 12 anos, Anshul Samar teve a ideia de unir a diversão ao aprendizado, por meio do Elementeo, um jogo de cartas sobre a Tabela Periódica. Os primeiros 5 mil jogos fabricados esgotaram em um curto período e o Elementeo ganhou, até mesmo, uma versão em aplicativo.
Henry Patterson
Hoje com 17 anos, o britânico Henry Patterson foi considerado o empreendedor mais jovem do mundo. Com 9 anos, Henry já era dono de 3 empresas. Com apenas 7 anos, ele já tinha seu primeiro negócio, vendendo adubo no eBay.
Em seguida, começou a vender produtos de segunda mão até chegar na ideia do Not Before Tea (Não Antes do Chá), que vende doces e presentes infantis. Ele também escreveu um livro infantil e trabalha como palestrante sobre empreendedorismo.
Por que trabalhar o empreendedorismo na sala de aula?
A leitura até o momento pode ter feito você pensar que “levar o empreendedorismo para a sala de aula significa estimular as crianças a criar negócios e ganhar dinheiro”. Mas trabalhar o empreendedorismo na escola vai muito além.
Isso porque o empreendedorismo vai muito além dos negócios, oferecendo também uma maneira de enxergar oportunidades e explorar soluções para problemas. Com ele, as crianças podem estimular a imaginação, a responsabilidade e a coragem de encarar desafios.
Ou seja, os benefícios do empreendedorismo infantil são:
- incentivo ao pensamento crítico;
- aumento da autoconfiança;
- nutrição do pensamento lógico;
- maior valorização e cuidado com o dinheiro;
- desenvolvimento de noções de administração e finanças;
- transformação das crianças em adultos mais resilientes e adaptáveis;
- reforço da importância da criação de metas e objetivos;
- encorajar a autonomia;
- desenvolvimento da criatividade;
- aprimoramento de sociabilidade.
Com tantos benefícios oferecidos, é fácil entender por que o empreendedorismo passou a fazer parte da Base Nacional Comum de Curricular (BNCC). O documento, que já está vigente no país, tem como proposta garantir um ensino focado no desenvolvimento de 10 competências gerais, agrupadas em três eixos (comunicativas, cognitivas e socioemocionais):
- conhecimento;
- pensamentos científico, crítico e criativo;
- repertório cultural;
- comunicação;
- cultura digital;
- trabalho e projeto de vida;
- argumentação;
- autoconhecimento e autocuidado;
- empatia e cooperação;
- responsabilidade e cidadania.
Como levar o empreendedorismo para a sala de aula?
Existem algumas práticas que podem ser inseridas dentro da sala de aula e que auxiliam o desenvolvimento dessas competências. Vamos conferir algumas delas abaixo?
Estimule a independência
A autonomia é mais que apenas enfrentar medos e sair da zona de conforto. Quando somos independentes, tomamos decisões baseadas em ponderações que realizamos. Na sala de aula, é possível incentivar a independência dos estudantes invertendo os papéis da aula.
Combine com os alunos que cada um deles ajudará o professor a ensinar um dos temas das próximas aulas. Esse estudo antecipado pode incentivá-los a apresentar seu ponto de vista e se sentir mais confortáveis em sanar dúvidas.
Sem contar que, quando um aluno estuda algo antes do professor, ele ganha mais independência e estímulo a buscar informações, ao invés de esperar que elas cheguem até ele.
Incentive o trabalho em equipe
Tão importante quanto saber como trabalhar sozinho é entender o funcionamento do trabalho em equipe. Com ele, os estudantes podem debater diferentes ideias, visões e experiências que os ajudam a treinar a resolução de conflitos e a empatia.
Portanto, ao ajudar os estudantes a se enxergarem como parte de um todo, por meio dos trabalhos em equipe, a escola estará auxiliando-os a aprimorar suas produções e levar mais profundidade às tarefas.
Trabalhe com feedback
Ao invés de colocar apenas uma nota nos trabalhos e provas dos alunos, que tal oferecer um feedback mais personalizado? Assim como um colaborador pode se beneficiar em saber do seu gestor quais pontos estão bons e quais precisam ser melhorados, um aluno pode ver nos feedbacks uma oportunidade de crescer e aprimorar seus conhecimentos.
E para mostrar aos alunos a importância do feedback, peça também a opinião deles sobre as aulas e a matéria estudada. Essa ação pode dar à instituição de ensino valiosos insights, além de estimular o lado crítico e participativo dos estudantes.
Valorize o esforço
Quer saber uma ótima maneira de incentivar o empreendedorismo nos estudantes? Com os elogios. É claro que os erros devem ganhar a atenção dos jovens (e abordaremos esse tópico logo em seguida), mas são os acertos que oferecem aos alunos uma visão das suas qualidades.
Os elogios também podem ajudar com a autoestima e gerar um maior engajamento nas aulas. Ou seja, só benefícios!
Não ignore os erros
Errar é humano, já dizia o ditado. Mas o que muitos esquecem é que o erro pode ser uma das mais valiosas lições para os jovens. Por isso, ao invés de apenas preparar os estudantes para os acertos, que tal reforçar a importância dos erros?
Ao mostrar aos estudantes um olhar mais saudável para os erros, eles conseguem lidar com as frustrações e aprender com as derrotas.
10 ideias para estimular o empreendedorismo
Quando imaginamos um grande empreendedor, o relacionamos com termos como inovação e criatividade. Ou seja, o empreendedorismo é mais que ensinado: ele precisa ser estimulado nos estudantes. Algumas atividades que podem ajudar, são:
- montar uma venda de quitutes caseiros;
- criar uma banca de limonada, como nos filmes americanos;
- construir objetos com materiais recicláveis;
- realizar uma feira de troca de livros ou brinquedos;
- levar a sala de aula para passar o dia em alguma ONG ou projeto voluntário;
- realizar feiras de conhecimentos gerais;
- convidar os alunos a participarem de debates;
- propor projetos de empreendedorismo que buscam resolver problemas encontrados no bairro;
- convidar empreendedores para bate-papos com os alunos sobre o assunto;
- aliar empreendedorismo à tecnologia para despertar a atenção dos alunos.
Todas essas ideias são apenas o começo no incentivo ao empreendedorismo dentro da sala de aula. O maior dos incentivos, entretanto, não é nenhuma surpresa: conhecimento.
Leia também "Como estimular o jovem empreendedor na sala de aula"