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Consumismo: o que é e como levar o tema para a escolaTempo de leitura estimado: 7 min.

09 fevereiro 2022

Educador

Nós vivemos em uma sociedade que consome diariamente itens como alimentos, combustíveis, água, luz. É quase impossível viver sem consumir, porém quando o consumo se torna exagerado e sem necessidade, podemos estar caindo na armadilha do consumismo e isso pode afetar nossa saúde financeira.

Muitos ainda confundem o consumo de coisas que precisamos com o consumismo. Mas quais são as diferenças entre essas duas ações? Como podemos ensinar às crianças a serem consumidores conscientes? Continue a leitura para ter essas e outras respostas!

Qual a diferença entre consumo e consumismo?

O primeiro cuidado que precisamos ter é melhorar a nossa compreensão sobre ambos os temas. Com as definições, será mais fácil entender as diferenças entre o consumo e o consumismo.

O que é consumo?

De acordo com o dicionário Oxford Languages, consumo é “o que se gasta; despesa”. Ou seja, quando consumimos estamos adquirindo algo que precisamos, como água, alimento e eletricidade.

Imagine que um casal começou a morar junto e, para terem mais responsabilidade com o dinheiro, decidiram fazer listas de supermercado cada vez que vão até uma loja e sempre compram apenas os produtos da lista. Dessa forma, eles consomem apenas o que precisam.

O que é consumismo?

Já o consumismo, segundo o mesmo dicionário, é o “consumo ilimitado de bens duráveis, artigos supérfluos”. Portanto, nesse caso, falamos de compras desnecessárias ou exageradas.

Imagine que um outro casal adora visitar o supermercado. Mas a experiência é diferente, com um carrinho sempre cheio de novidades e com mais produtos do que conseguirão consumir em um curto período. Ou seja, este casal pode ser consumista.

O que é consumo consciente?

Lembra a lista que o casal faz antes de ir ao mercado? Ao listar os itens e planejar a compra, nós conseguimos ter mais consciência do que realmente precisamos consumir, evitando, por exemplo, o desperdício. Além disso, quando estamos atentos às nossas escolhas, podemos optar por itens que gerarão menos resíduos e que podem ser, por exemplo, recicláveis.

Esse olhar para o resíduo gerado pelo nosso consumo e para escolhas mais assertivas de compra é o que chamamos consumo consciente. De maneira resumida, é o consumo que se preocupa com o impacto que as escolhas terão no meio ambiente.

E essa preocupação é cada vez maior entre os consumidores, segundo o Perfil do Consumidor 2020, divulgado pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI). Enquanto 47% dos lares brasileiros separavam o lixo para reciclagem em 2013, o número subiu para 55% em 2019.

O Indicador de Consumo Consciente (ICC) de 2019 do Conselho Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) junto do SPC Brasil e Instituto Akatu, também traz dados animadores.

Segundo o Indicador, houve um crescimento de 6,4% de pessoas que afirmaram estar em transição para serem mais conscientes (51,2% em 2015 e 57,6% em 2019). Os que se consideram conscientes aumentou 7,5% (de 21,8% em 2015 para 29,3% em 2019) e os que se consideram pouco ou nada conscientes diminuiu 13,9% (de 27% em 2015 para 13,1% em 2019).

Esse número pode variar dependendo de fatores como escolaridade, renda e idade dos entrevistados. Mas, sem sombra de dúvidas, ele mostra a relevância crescente desse assunto na sociedade.

Consumismo é uma armadilha psicológica financeira

As armadilhas psicológicas financeiras são gatilhos que levam as pessoas a tomarem decisões inconscientes que podem atrapalhar suas finanças e a conquista de objetivos. Ao cair em uma armadilha psicológica financeira, a pessoa terá prazer imediato, sem considerar as consequências da decisão.

O hábito de consumir exageradamente e sem necessidade é uma armadilha que, dependendo do seu grau, pode até mesmo ser um problema patológico. Também é comum que essa armadilha venha acompanhada do desperdício, quando compramos desnecessariamente produtos que nada acrescentam à nossa qualidade de vida, e de outra armadilha, a impulsividade.

A influência do consumismo nas crianças

As crianças são cada vez mais alvos de ações de marketing, mesmo sem saber o que é consumo e a responsabilidade que temos quando consumimos. É essencial garantir o direito da criança de vivenciar todas as suas etapas de crescimento, sem ter como foco o materialismo.

Em um mundo onde elas reconhecem personagens e marcas com tanta facilidade, o estímulo em consumir pode trazer malefícios como:

  • aumento da geração de resíduos;
  • adultização da infância;
  • redução das brincadeiras criativas;
  • violência;
  • estresse familiar.

E existem até mesmo números que comprovam esses problemas. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica), o sobrepeso infantil, por exemplo, dobrou nos últimos 34 anos. Além disso, 15% das crianças brasileiras são obesas.

Outro fato que pode assustar são as mais de 5 horas por dia que as crianças brasileiras costumam assistir televisão - uma das maiores do mundo, segundo o Ibope 2011.

Além disso, o incentivo ao consumismo em ações publicitárias tem se direcionado diretamente a elas: 64% de todos os anúncios em emissoras monitoradas às vésperas do Dia das Crianças de 2011 foram direcionados ao público infantil.

Esses dados, reunidos na cartilha "Consumismo infantil: na contramão da sustentabilidade", do Ministério do Meio Ambiente, mostram uma realidade que precisa ser repensada e reestruturada para proteger as crianças e ensiná-las a viver um futuro mais consciente e responsável.

Como trabalhar o consumo e o consumismo na sala de aula?

Fazer os próprios brinquedos

Se as crianças perderam o incentivo de criar e imaginar, que tal levar esse exercício para a sala de aula?

O uso de materiais recicláveis é uma ótima maneira de não só incentivá-las a criar algo novo com criatividade, como também mostrar a importância de darmos novos usos para materiais que seriam descartados.

Estimular o compartilhamento dos brinquedos

O compartilhamento de brinquedos entre colegas é outra forma de desestimular o consumo excessivo entre crianças. Com o compartilhamento, conceitos como a reutilização e a sustentabilidade também são desenvolvidos entre os pequenos.

Para essa atividade, basta combinar um dia da semana em que todos levam um brinquedo para compartilhar. Os produtos são depositados em uma cesta, que é de livre acesso de todas as crianças.

Entretanto, para evitar problemas na hora de devolver os brinquedos aos alunos, não esqueçam de pedir aos responsáveis que os produtos estejam etiquetados com o nome da criança.

Incentivar a doação de brinquedos e objetos

Outro passo que pode trazer excelentes resultados é a criação de um Dia da Doação entre os alunos. Nesse dia, todos os alunos devem levar pelo menos um brinquedo ou objeto que não usem mais para serem doados.

Essa atividade, que também deve ter o incentivo e participação dos responsáveis, ajudará as crianças a desenvolver o senso de solidariedade e de cuidado com o próximo.

Convidar a família a participar desse aprendizado

Nós sabemos que as crianças aprendem muito pelos exemplos que encontram em sua rotina. Por isso, o engajamento dos pais nesse aprendizado é essencial para evitar hábitos consumistas.

Explique aos pais que o assunto está sendo abordado na escola e que eles também podem participar desse momento de aprendizado. Assim, a família se sente incluída no processo e estimulada a também praticar o consumo consciente.

Invista em conhecimento

Todas essas atividades são importantes e já estimulam as crianças a olharem para alguns dos conceitos financeiros que impactarão a vida adulta. Para que elas cresçam com ainda mais responsabilidade e consciência, o Gênio das Finanças pode ajudar! Acesse o nosso site para saber mais.

Leia mais sobre sustentabilidade em: O que é sustentabilidade econômica e qual sua relação com a escola?

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