O que é psicologia positiva e como aplicá-la na educação financeiraTempo de leitura estimado: 7 min.
09 novembro 2022
Educador
A psicologia positiva é uma das áreas de estudo do comportamento humano, cujo foco é ajudar as pessoas a viverem uma vida mais plena, com mais saúde física e emocional.
Mas será que esse conceito também pode ser aplicado nas aulas de educação financeira? Já adiantamos que sim, afinal, ela pode trazer benefícios para toda a comunidade escolar.
Continue a leitura e entenda em detalhes como levar a psicologia positiva para a sala de aula.
O que é psicologia positiva?
A psicologia positiva pode ser definida como um campo científico que estuda as motivações e capacidades humanas na busca pela felicidade. Com o objetivo de focar no bem-estar e qualidade de vida, a psicologia positiva deixa de se preocupar em “reparar” o que está ruim para valorizar o que está funcionando na vida da pessoa.
Entretanto, vale reforçar que a psicologia positiva não ignora os problemas reais vividos por uma pessoa. Ela apenas foca em uma perspectiva positiva para garantir a saúde mental.
Sua prática é baseada em três pilares, a fim de conquistar uma vida mais plena:
- experiências emocionais: vivência de sentimentos bons, como alegria e leveza;
- características individuais: reforçar ou desenvolver habilidades socioemocionais relacionadas à psicologia positiva, como otimismo, resiliência e empatia;
- instituições positivas: colocar em prática atitudes saudáveis que podem melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Como a psicologia positiva percebe a felicidade?
Dentro da psicologia positiva, o termo felicidade recebe o nome de "bem-estar subjetivo", referindo-se ao que o indivíduo pensa e sente em relação à própria vida. Esse modelo de felicidade é composto por seis componentes, de acordo com os psicólogos Carol Ryff e Corey Lee M. Keyes:
- autoaceitação: amar-se plenamente, com todas as virtudes e falhas;
- crescimento pessoal: percepção de desenvolvimento contínuo como indivíduo;
- sentido: acreditar que a vida possui objetivos e significados distintos para cada pessoa;
- relações positivas com terceiros: ter relações interpessoais de qualidade;
- domínio do ambiente: versatilidade para lidar com os aspectos da vida e do mundo ao redor;
- autonomia: sentimento de independência, liberdade.
Quais são os elementos da psicologia positiva?
Outro ponto importante sobre a psicologia positiva são seus cinco elementos catalisadores, propostos pelo psicólogo americano Martin Seligman. Também conhecidos como o modelo PERMA (Emoções Positivas, Engajamento, Relacionamentos, Significado, Realizações), esses elementos são fundamentais para garantir o bem-estar e a felicidade. Confira mais informações sobre cada um deles.
Emoções Positivas (Positive Emotions)
O primeiro dos elementos catalisadores desse modelo de psicologia são as emoções positivas. Relacionado à produção da dopamina e ocitocina, esses hormônios da felicidade são liberados quando sentimos paz, acolhimento, satisfação e amor.
Com emoções positivas como essas, temos mais facilidade em entender o que nos faz bem e o que devemos nutrir para garantir o bem-estar.
Engajamento (Engagement)
Esse elemento possui três grandes fatores: energia, dedicação e integração. Ao ter mais paixão com as atividades produzidas, seja na vida profissional ou pessoal, uma pessoa se sente mais estimulada em fazer um trabalho ainda melhor.
Relacionamentos (Relationships)
Sabemos que conectar-se com outras pessoas é uma necessidade humana — e a psicologia positiva apenas reforça esse ponto! Quanto mais saudáveis e transparentes forem os vínculos estabelecidos nas relações interpessoais, maior será o impacto na felicidade.
Propósito (Meaning)
O propósito também é essencial no bem-estar subjetivo defendido pela psicologia positiva. De acordo com essa metodologia, as pessoas que encontram um propósito nas suas ações terão melhores resultados.
Quer ver como? Pare e reflita na sua vida: entre as suas maiores conquistas, quantas tinham um significado profundo? Provavelmente a maioria delas, não é mesmo?
Realizações (Accomplishment)
Se concluir uma tarefa da lista do dia já é satisfatório, esse sentimento só aumenta quando pensamos em grandes marcos, como alcançar o número projetado de matrículas ou reduzir o número de alunos em recuperação.
E essa vitória, que impulsiona nossa vontade de enfrentar novos desafios, é imprescindível para vivermos uma vida mais feliz e em constante evolução.
Quais os benefícios de praticar a psicologia positiva?
De acordo com Martin Seligman, a felicidade pode trazer benefícios como:
- otimismo ao pensar no futuro;
- se tornar mais resiliente, com a habilidade de superar adversidades e praticar o protagonismo;
- saber perdoar, com mais sinceridade e empatia;
- conseguir expressar gratidão;
- praticar a gentileza com os outros e com si mesmo;
- se comprometer com metas e objetivos de vida;
- deixar de se comparar com outras pessoas, pois entende que é único.
Vale a pena investir na psicologia positiva nas escolas?
Apesar da psicologia positiva trazer uma série de benefícios para seus adeptos, levar uma nova metodologia para dentro da escola pode trazer dúvidas para a equipe escolar.
Mas, de acordo com especialistas, a psicologia positiva é vista como uma ferramenta que ajuda a estender a aprendizagem para o desenvolvimento integral das crianças e jovens.
Com ela, é possível estimular competências socioemocionais e levar um olhar otimista para as dificuldades que possam surgir nos anos escolares e na vida adulta, como nas finanças.
Como aplicar nas aulas de educação financeira?
Reforçar o diálogo entre alunos
Você já parou para pensar que uma das ferramentas educacionais mais valiosas é o diálogo?
Ao permitir que os estudantes conversem sobre dúvidas e medos relacionados ao dinheiro, por exemplo, eles podem dividir seus conhecimentos, aprender a acolher os colegas e a respeitar quem possui pensamentos diferentes.
Realizar atividades práticas que engajem os estudantes
Além de desenvolver a autonomia, as atividades práticas são uma maneira engajadora e lúdica de associar a educação financeira a algo positivo e, por que não, divertido!
Jogos de tabuleiros, brincar de fazer compras e criar o próprio porquinho são apenas alguns exemplos de como a psicologia positiva pode ser adotada nas aulas de educação financeira.
Leia também: A importância dos livros sobre educação financeira em sala de aula
Definir metas “financeiras” com os alunos
Levar a educação financeira para dentro da sala de aula é um assunto desafiador, já que o educador terá que trabalhar com alunos que vivem diferentes realidades.
Definir metas financeiras, por exemplo, pode parecer impossível quando se trabalha com crianças ou jovens. Mas esse desafio não só é possível, como pode ter a psicologia positiva como aliada.
Caso todos os alunos já recebam uma mesada dos pais, eles podem ser incentivados a criar metas de economia, de investimento ou até de doações para ONGs (Organizações não governamentais).
O educador também pode convidar os estudantes a produzirem uma feira de empreendedorismo ou tentar vender um produto para familiares e moradores do bairro em que vivem.
Outra possibilidade é oferecer notas fictícias aos estudantes no início do mês, que os permitem comprar 5 minutos extras de intervalo ou uma bala do “mercadinho” criado na própria sala. Essas notas poderão ser usadas ao longo do mês ou semestre pelos alunos, que deverão se esforçar para também atender às metas estabelecidas.
Apresentar exemplos que inspiram e geram empatia
Mais efetivo que falar sobre a importância de ajudar o próximo é levar a turma até uma organização para conhecer o trabalho feito. Falar de empreendedorismo é legal, mas contar histórias reais ou convidar empresários para conversar com os alunos é ainda melhor!
Sabemos que os estudantes aprendem com os exemplos. Por isso, pode ser válido mostrar como suas ações podem impactar suas vidas e as dos outros.
Confira: O que é sustentabilidade econômica e qual sua relação com a escola?
Mostrar que as finanças e a psicologia estão ligadas
De acordo com os pesquisadores Daniel Kahneman e Amos Tversky, grande parte das decisões que tomamos são feitas de maneira automática e inconsciente. Isso significa que nem sempre somos conscientes do nosso próprio processo de pensamento, inclusive quando tomamos decisões financeiras.
É por isso que um dos objetivos da educação financeira é formar jovens que tenham atitudes financeiras conscientes. Se você deseja aprender mais sobre a relação entre a psicologia e a economia, recomendamos a leitura do texto “Finanças comportamentais: como nosso comportamento influencia em nosso dinheiro?”.