Neuroeconomia e educação financeira: qual a relação?Tempo de leitura estimado: 6 min.
13 junho 2023
Educador
Daniel Kahneman é o único psicólogo da história a receber um Prêmio Nobel de economia. Esse prêmio foi ganho graças aos seus estudos sobre o comportamento dos seres humanos em situações de incerteza e grande pressão emocional.
Graças a estudos como esses, hoje já é possível afirmar que a economia não pertence mais apenas aos economistas. Cada vez mais, cientistas e psicólogos fazem grandes contribuições, principalmente, quando falamos sobre tomada de decisão. E a neuroeconomia é um ótimo exemplo dessa “parceria” inovadora.
Continue a leitura para entender o que é neuroeconomia e como ela pode inovar a educação financeira.
O que é neuroeconomia?
A neuroeconomia é um campo interdisciplinar que une a economia, a psicologia e a neurociência para estudar como as pessoas tomam decisões financeiras. Graças a ela, estamos cada vez mais próximos de compreender os processos mentais e neurais por trás de escolhas relacionadas com:
- consumo;
- poupança;
- doações;
- investimentos;
- outros comportamentos e ações financeiras.
Como ela é estudada?
Na neuroeconomia são estudados dados colhidos em ressonâncias magnéticas e eletroencefalografias, a fim de investigar as atividades cerebrais durante as tomadas de decisões.
Com essas imagens neurais, os pesquisadores conseguem observar as regiões do cérebro envolvidas nos processos de avaliação, recompensa, emoção e tomada de risco.
E quando combinado com insights das áreas de economia e neurociência, também é possível examinar como o cérebro responde a ganhos financeiros - e como essa resposta pode afetar as tomadas de decisões.
O Canal Futura realizou uma entrevista muito interessante e esclarecedora com a neurocientista Cláudia Feitosa-Santana sobre esse tema complexo. Vale a pena conferir:
Como a neuroeconomia influencia o que sabemos sobre as finanças pessoais?
Na medida em que esse campo interdisciplinar estuda como nossos comportamentos e sentimentos influenciam a tomada de decisões, é certo afirmar que existe uma ligação direta entre esse campo interdisciplinar e nossa organização financeira.
Abaixo, listamos algumas das relações entre esse campo da ciência e nossas finanças pessoais.
Uma pessoa = um padrão de tomada de decisões
Para a neuroeconomia, cada pessoa possui um padrão de tomada de decisões distinto. Entretanto, com os princípios desse campo, é possível adaptar a organização financeira às necessidades individuais das pessoas.
Influência das emoções nas finanças
Nós já sabemos que as emoções estão extremamente próximas das finanças. Entretanto, os efeitos que uma pode gerar na outra ainda precisam ser estudados.
Isso porque compreender como as emoções afetam o comportamento financeiro pode ajudar as pessoas a gerenciar melhor suas reações, evitando decisões precipitadas e buscando um equilíbrio saudável entre risco e recompensa.
Vieses cognitivos
A neuroeconomia também é responsável por identificar os vieses, que podem afetar as decisões relacionadas às finanças. Também conhecidos como vieses cognitivos e emocionais, eles podem fazer com que uma pessoa enxergue e use seu dinheiro em desacordo com seus objetivos e crenças pessoais.
Se você deseja saber mais sobre esse assunto, recomendamos a leitura do artigo “O que são armadilhas psicológicas financeiras e como evitá-las?”.
Quais os benefícios em trabalhar a neuroeconomia na educação financeira?
Em 2020, a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) incluiu a educação financeira nos temas que devem constar nos currículos de todo o país. Mas e se essa aprendizagem ganhasse o apoio da ciência?
Ao implementar conceitos desse campo interdisciplinar na educação financeira, a aprendizagem pode se tornar mais benéfica para os estudantes - e também às escolas. Abaixo, listamos algumas das vantagens dessa união.
Economia + emoções
Como afirmamos ao longo do texto, as emoções são parte integral das decisões econômicas. Se a neuroeconomia já deixou isso claro, é possível utilizar esse conhecimento para trazer mais empatia e engajamento ao processo de educação financeira.
Um exemplo é a análise das emoções relacionadas aos objetivos financeiros. Assim, o estudante aprenderá a avaliar se um determinado objetivo é um desejo real dele ou uma vontade imposta por pressões sociais e/ou vieses cognitivos, que estão influenciando a sua tomada de decisão.
Personalização da educação financeira
Se uma criança demonstra ser impulsiva em sala de aula, é possível que essa característica também esteja presente nas suas decisões financeiras.
É por isso que uma personalização da educação financeira, baseada na neuroeconomia, é extremamente valiosa: ao compreender as diferenças individuais de comportamento financeiro de cada pessoa, o ensino será adaptado - e, por consequência, mais efetivo - para cada estudante.
Vale a pena conferir: Conhecimento multidisciplinar: o que é e como aplicar
Inovação engajante
Pais sempre buscam oferecer a melhor educação possível aos seus filhos - e não será diferente na educação financeira. Ao investir em conceitos da neuroeconomia, a aprendizagem se torna mais inovadora e baseada em estudos que trazem um novo olhar para como lidamos com nosso dinheiro.
O Gênio das Finanças, por exemplo, é um programa de educação financeira embasado na economia comportamental, na pedagogia e na psicologia positiva. Com esses três pilares, ele propõe uma mudança de perspectiva, consolidando o viés comportamental da aprendizagem em um conteúdo que é assertivo e engajante.
Assim, é possível ensinar crianças e jovens, de forma prática, a:
- estabelecer - e alcançar - metas e objetivos;
- assumir atitudes mais conscientes;
- resolver problemas com pensamento crítico;
- consumir e poupar de modo ético, consciente e responsável;
- distinguir desejos de necessidades;
- desenvolver a cultura da prevenção;
- ter postura criativa e empreendedora.
Também vale citar que investimentos em inovações podem ser diferenciais competitivos durante a época de matrículas escolares. Ou seja, todos ganham com esse investimento na educação financeira.
Neuroeconomia e neurociência: qual a relação?
Você pode ter percebido que o termo “neurociência” foi citado algumas vezes ao longo deste artigo.
Isso acontece porque a neuroeconomia combina princípios da neurociência (estudo do sistema nervoso e sua relação com o comportamento e as funções cognitivas do ser humano) com a economia e psicologia, para entender os motivos por trás das nossas decisões econômicas.
Se você quer entender mais sobre o que é a neurociência e seu impacto nas finanças, recomendamos a leitura do artigo “Os benefícios da neurociência para a educação financeira”. Até a próxima!