Por que comprar é tão bom? Entenda! Tempo de leitura estimado: 6 min.
30 janeiro 2024
Família
Muitas pessoas sentem satisfação ao comprar, principalmente para fugir de momentos de tristeza ou ansiedade. E esse sentimento é mais comum do que parece.
Segundo um levantamento sobre a Experiência de Consumo do Brasileiro, encomendado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) em parceria com o Portal de Educação Financeira Meu Bolso Feliz, para 50% dos participantes, o ato de consumir está diretamente associado a sensações positivas e prazerosas.
Os aspectos mais destacados incluem relaxamento (47%), alegria na compra (43%), elevação do humor (37%) e satisfação pessoal (35%). Vale ressaltar que a melhoria do humor é prevalente entre as mulheres, com uma taxa de 43%, em comparação com 29% entre os homens.
Afinal, comprar é bom?
Alguns hormônios do corpo humano, como a dopamina, serotonina e adrenalina, são regulados por neurotransmissores. E aspectos externos (socioculturais, econômicos e eventos do cotidiano) podem ter um impacto direto na produção da “felicidade”.
A dopamina, neurotransmissor relacionado ao prazer, é viciante. Então, se você faz uma compra e sente prazer, o seu cérebro registrará o momento como um comportamento a ser repetido.
Isso significa que, nas próximas vezes, levará apenas 2 segundos para a dopamina ser liberada. Mas a compra não é a única fonte de prazer instantâneo. É possível que uma pessoa fique feliz após comer chocolates, ouvir música ou praticar exercícios físicos.
Entretanto, as marcas também sabem que comprar te dá prazer. Por isso, o mercado investe há anos em estratégias como neuromarketing, que buscam entender como funciona o cérebro humano para persuadi-lo a comprar cada vez mais.
Segundo o professor da Universidade de Harvard, Gerald Zaltman, 95% das nossas decisões de compra acontecem subconscientemente, ou seja, sem ser de maneira racional (também conhecida como compras por impulso).
Motivações emocionais para realizar compras
Como falamos anteriormente, a decisão de compra muitas vezes é influenciada por fatores emocionais profundamente enraizados em nossa psique. A busca pela felicidade é um motor poderoso, impulsionando as escolhas de consumo à medida que procuramos experiências e produtos que prometem momentos de alegria e satisfação. Seja na aquisição de um objeto de desejo ou na busca por atividades prazerosas, a conexão entre consumo e felicidade é uma trilha emocional comum.
Leia também: O que são armadilhas psicológicas financeiras e como evitá-las?
Outro elemento-chave é o status social, que exerce uma influência significativa em nossas decisões de compra. Muitas vezes, os produtos que escolhemos refletem não apenas nossos gostos pessoais, mas também nossa posição na sociedade. A busca por reconhecimento e a afirmação de identidade social podem levar a escolhas de consumo que transcendem as necessidades básicas, alimentando o desejo de pertencer a determinados grupos ou classes sociais.
Também vale afirmar que o ato de comprar pode servir como uma forma de alívio para emoções negativas. Em momentos de estresse, tristeza ou ansiedade, comprar pode proporcionar uma sensação temporária de conforto e distração.
O consumismo, inclusive, é comumente utilizado como uma estratégia para lidar com desafios emocionais, criando uma dinâmica complexa entre o estado emocional do indivíduo e suas escolhas de consumo.
A busca por novas experiências e a sensação de novidade desempenham um papel crucial nos impulsos emocionais que nos levam a comprar. A excitação associada à descoberta de algo novo, seja um produto inovador ou uma experiência única, pode atuar como um poderoso motivador, impulsionando-nos a explorar e adquirir constantemente.
O papel das redes sociais na decisão de compra
As redes sociais surgiram como uma força significativa na formação de desejos e aspirações relacionados aos produtos. A exposição constante a estilos de vida aparentemente ideais e às últimas tendências através das plataformas digitais, cria um ambiente onde as expectativas de consumo são continuamente moldadas.
A pressão social exercida pelas interações on-line, pode levar a uma busca incessante por produtos alinhados com as narrativas compartilhadas nas redes sociais.
Já a validação social torna-se um fator determinante na formação dos desejos de consumo, transformando as redes sociais em poderosos agentes de influência na tomada de decisões de compra. Além disso, as redes sociais também desempenham um papel crucial na criação de comunidades de consumidores, em que as experiências de compra são compartilhadas e amplificadas.
No vídeo a seguir, da BBC Brasil, é possível entender com mais detalhes a relação entre as redes sociais e o consumismo. Não deixe de dar um play:
Como manter uma relação saudável com as compras?
Manter uma relação saudável com as compras envolve práticas conscientes para evitar comportamentos impulsivos e descontrolados. Para te ajudar, listamos três estratégias para manter uma relação saudável com as compras. Confira!
1. Quanto posso gastar?
Uma estratégia eficaz é criar e seguir um orçamento financeiro. Estabelecer limites claros para os gastos mensais proporciona uma visão mais clara das finanças pessoais, ajudando a evitar excessos. Ao planejar e alocar recursos conscientemente, é possível manter o equilíbrio entre as necessidades essenciais e os desejos.
2. Eu quero ou eu preciso?
Refletir sobre as diferenças entre necessidades e desejos é outra maneira valiosa de promover uma relação equilibrada com as compras. Antes de fazer uma compra, questionar-se sobre a verdadeira utilidade e importância do item desejado pode ajudar a evitar decisões impulsivas.
Focar nas necessidades fundamentais e priorizar investimentos em experiências significativas, em vez de bens materiais, pode contribuir para uma abordagem mais consciente e gratificante às compras.
3. Hoje não!
Praticar o autocontrole é um elemento-chave para manter uma relação saudável com as compras. Isso envolve a capacidade de resistir a impulsos momentâneos, avaliando as consequências a longo prazo das decisões de compra.
Estabelecer limites pessoais e desenvolver a habilidade de adiar a gratificação, são estratégias eficazes para evitar gastos desnecessários.
Ao cultivar a consciência sobre os motivadores emocionais por trás das compras, é possível tomar decisões mais informadas e alinhadas com metas financeiras a longo prazo, promovendo, assim, uma relação equilibrada e saudável com o consumo.
A educação financeira como aliada da sua mente
É muito importante compreender os motivos do prazer associado às compras, para evitar se tornar refém desse comportamento. Ao reconhecer as emoções e impulsos que nos levam às decisões de compra, ganhamos a capacidade de fazer escolhas mais conscientes e alinhadas com nossos valores e metas pessoais.
Isso nos permite aproveitar de maneira saudável, sem cair em vieses cognitivos que afetam nossa autonomia financeira e emocional.
No nosso artigo “Finanças pessoais e datas comemorativas: como conciliar?”, por exemplo, explicamos como somos convencidos a gastar mais em datas “presenteáveis”, como Natal e Dia das Mães. Vale a pena ler e entender como não se deixar levar financeiramente em datas como essas. Confira!