O que são armadilhas psicológicas financeiras e como evitá-las?Tempo de leitura estimado: 7 min.
24 novembro 2021
Família
“Investir é a intersecção entre economia e psicologia”. Essa frase, de Seth Klarman, pareceu estranha? Então pense com a gente: você já comprou uma roupa nova para comemorar uma promoção no trabalho? Ou se deu uma pizza do restaurante mais caro da cidade de presente porque “você merece” após um longo dia de trabalho? Comprou um brinquedo para o filho parar de chorar?
Muitas das nossas decisões estão ligadas às nossas emoções - e isso inclui gastos financeiros. É por isso que conhecer as armadilhas psicológicas financeiras pode ser a chave para tomar decisões conscientes de consumo. Continue a leitura para conhecer as principais e saber como identificá-las.
O que são armadilhas psicológicas financeiras?
As armadilhas psicológicas financeiras são gatilhos que levam as pessoas a tomarem decisões inconscientes que podem atrapalhar suas finanças e a conquista de objetivos. Ao cair em uma armadilha psicológica financeira, a pessoa terá prazer imediato, sem considerar as consequências da decisão.
Quando compramos algo, nosso organismo libera um hormônio chamado dopamina. Ele é responsável por gerar felicidade, bem-estar e motivação, fazendo com que nos sintamos bem por realizar um desejo.
Entretanto, essa sensação é passageira - especialmente quando usamos uma compra para encobrir problemas emocionais, como:
- solidão;
- angústia;
- ansiedade;
- vazio.
Quais são as principais armadilhas psicológicas financeiras?
A melhor maneira de evitar cair nas armadilhas psicológicas financeiras é por meio do conhecimento. Por isso, conheça abaixo 10 dos principais perigos que precisamos nos atentar para garantir uma vida financeira mais saudável e consciente.
1. Autoconfiança exagerada
Quando uma pessoa não se preocupa com o que pode acontecer com ela, já que ela tem certeza de que tudo dará certo - mesmo quando é provável que o cenário será negativo.
Exemplo: investir em ações públicas na Bolsa de Valores nos períodos de instabilidade política.
2. Efeito ancoragem
Optar por pacotes ou ofertas de produtos/serviços que oferecem objetos e serviços extras por um “pequeno” valor adicional, que não estava no planejamento financeiro e pode impactar outras metas.
Exemplo: comprar três sapatos, quando você precisava apenas de um, porque a “promoção” anunciada é “compre dois, leve três”.
3. Custos irrecuperáveis
Justificar uma atitude tomada devido a já se encontrar com um prejuízo de valor, não controlando o tempo e as suas consequências.
Exemplo: 15 minutos após o filme começar no cinema, você percebe que ele é ruim, mas como você já pagou a entrada, pipoca e bebida, você continua assistindo.
4. Falta de atenção aos pequenos valores
Deixar de prestar atenção nos pequenos valores, que acabam se acumulando em grandes quantias durante um período maior.
Exemplo: tomar um café todas as tardes com o valor de apenas R$ 4,99. No final do mês, faltarão recursos financeiros para pagar os R$ 150,00 do seu cartão de crédito de forma integral, o que acarretará juros e multa.
5. Imediatismo
Essa é uma das armadilhas psicológicas financeiras mais comuns, portanto, atenção! No imediatismo, tomamos uma decisão de compra no calor do desejo sem nos preocuparmos com as consequências futuras.
Exemplo: comprar um celular novo porque ele entrou na promoção sem ter dinheiro suficiente para sequer pagar contas mensais como luz, água ou, mesmo, a do telefone.
6. Influência dos outros
Fazer algo ou tomar uma decisão apenas para acompanhar uma tendência tecnológica ou mercadológica, para “ser igual” os seus amigos.
Exemplo: comprar uma calça jeans nova de R$ 500,00 da marca predileta dos seus amigos para se sentir incluído no grupo, sendo que é possível encontrar calças de qualidade por metade desse valor.
7. Ostentação
Essa armadilha psicológica financeira é tão comum que talvez nem precisemos explicá-la, não é mesmo? Nela, adquirimos bens que não são compatíveis com a nossa realidade e condição financeira.
Exemplo: comprometer mais de 60% da sua renda mensal com parcelas de um carro novo para demonstrar a todos o seu poder de compra, mas não ter condições de pagar o seguro do veículo.
8. Percepção seletiva
Tendência de ver e ouvir apenas o que lhe convém, ou seja, apenas fatos que apoiam e reforçam os seus desejos e crenças.
Exemplo: acreditar que o universo está “conspirando a seu favor” para comprar uma casa nova, só porque você foi impactado por propagandas de imobiliárias.
9. Consumismo
Quem nunca caiu na armadilha do consumismo que jogue a primeira pedra, não é mesmo? Quando nela, nós consumimos exageradamente e sem necessidade. E é por isso que muitas pessoas também a chamam de “consumo por impulso”.
Exemplo: comprar uma TV nova por impulso e sem necessidade, apenas pelo prazer de ter algo novo.
10. Desperdício
A última das armadilhas psicológicas financeiras que escolhemos exemplificar é uma velha conhecida de todos nós. O desperdício nada mais é que gastos desnecessários que pouco ou nada acrescentam à nossa qualidade de vida.
Você sabia que, apenas na América Latina, 28% dos alimentos são desperdiçados?
Exemplo: comprar produtos alimentícios que você já tem em casa e que não precisam ser repostos, sem verificar o prazo de validade.
Como evitar as armadilhas psicológicas financeiras?
Ficou surpreso com o número de armadilhas psicológicas financeiras que nos afetam diariamente? Mas fique tranquilo, pois agora, ao conseguir identificá-las, sua família pode começar a ter mais controle da situação com essas 5 dicas.
1. Avalie quais são as armadilhas psicológicas financeiras mais comuns na família
O primeiro passo para resolver um problema é identificá-lo. Por isso, se você se encaixou em algum dos exemplos das armadilhas psicológicas financeiras, entenda que é o momento de abrir os olhos para levar mais segurança e cuidado às suas finanças.
2. Entenda quais são os gatilhos que atrapalham a sua família
Você acredita ser consumista porque recebe muitos e-mails com descontos e cupons? Pensa que o desperdício acontece pela falta de planejamento nas compras? Cada armadilha psicológica financeira possui um gatilho - e agora é seu trabalho identificá-los.
Com maior compreensão dos seus “pontos fracos”, será muito mais fácil evitá-los e/ou controlá-los.
3. Tenha metas e objetivos em mente
Uma dica que pode lhe proteger contra as armadilhas psicológicas financeiras são as metas e objetivos. Se você planeja comprar uma casa nova, precisa mesmo gastar R$ 150,00 mensais, comprando um café todos os dias? A TV precisa ser trocada anualmente?
Não estamos dizendo para cortar todos os gastos supérfluos, mas vale entender quais deles são irrelevantes e apenas atrapalham a realizar seus sonhos.
4. Pratique manter os “pés no chão”
Muitos dos exemplos apresentados possuem um “denominador comum”: deixar de olhar para a realidade. Portanto, antes de um gasto, coloque os “pés no chão” e entenda:
- Eu preciso dessa compra?
- Ela resolverá um problema?
- Consigo encontrar outra opção mais barata?
- Esse gasto me atrapalhará a conquistar um sonho?
- Estou comprando isso porque caí em uma armadilha psicológica financeira?
São perguntas como essas que lhe ajudarão a decidir melhor sobre uma compra e evitar gastos.
5. Invista no conhecimento
“Investir em conhecimento rende sempre os melhores juros”. Essa frase de Benjamim Franklin já diz tudo, mas vamos conversar mais sobre ela. Garantir que você e toda a sua família entendam o máximo possível de finanças e saibam identificar as armadilhas psicológicas financeiras ajudará a levar uma vida mais planejada, organizada, segura e feliz.
Afinal, em um país onde o dinheiro é a principal preocupação, ter controle sobre ele é a chave de uma vida mais tranquila. E quanto antes esse interesse pelas finanças surgir, melhor!
Por isso, garanta que seus filhos estão recebendo a melhor Educação Financeira Comportamental com o Gênio das Finanças. Nosso programa tem como objetivo ajudar a formar estudantes financeiramente mais saudáveis, que sabem planejar e tomar atitudes conscientes para a realização de seus sonhos.
Acesse o link a seguir para conferir o próximo artigo e entender como a psicologia financeira pode impactar seu bolso.