Crometofobia: conheça a fobia relacionada às finançasTempo de leitura estimado: 6 min.
30 maio 2023
Família
Receber a fatura do cartão de crédito ou ter que pagar a conta de luz não é algo que traz alegria para a maioria das pessoas. Entretanto, quando alguém experiencia esse momento com sintomas físicos e comportamentais, pode ser sinal de algo mais grave: a crometofobia.
Esse medo irracional de gastar dinheiro ou pensar nesse tema pode condicionar severamente o comportamento de uma pessoa e até a impossibilitar de viver uma vida confortável e feliz.
Continue a leitura e entenda tudo sobre crometofobia!
O que é crometofobia?
Crometofobia é o nome utilizado para descrever o medo irracional do dinheiro e de gastá-lo. Também conhecida como aurofobia ou cherofobia, ela não é um transtorno mental clinicamente reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em sua Classificação Internacional de Doenças (CID).
Quais são as causas dessa fobia?
Os primeiros estudos sobre a crometofobia foram realizados em 2003 por pesquisadores da Universidade de Cambridge. No estudo, foi revelado que uma em cada cinco pessoas sofria dessa “fobia financeira”, que pode surgir por fatores, como:
- traumas passados relacionados ao dinheiro ou situações financeiras negativas, como roubo, falência pessoal ou familiar ou perda financeira significativa;
- crenças culturais ou familiares em relação ao dinheiro podem desempenhar um papel no desenvolvimento da crometofobia. Por exemplo, se alguém cresce em um ambiente onde o dinheiro é visto como fonte de conflito, corrupção ou ganância, isso pode afetar sua percepção e criar medo em relação ao dinheiro;
- em alguns casos, a crometofobia pode estar associada a outros transtornos de ansiedade, como transtorno de ansiedade generalizada (TAG) ou transtorno do pânico (TP). Esses transtornos podem amplificar o medo em relação ao dinheiro, tornando-o mais intenso e debilitante.
Outros motivos que também podem estar associados a essa fobia são a falta de confiança em assuntos financeiros, como compreender planilhas e gráficos e até mesmo a procrastinação.
No estudo, participantes afirmaram evitar tarefas relacionadas ao dinheiro por sentir culpa após a situação financeira sair do controle. Ou seja, estar com dívidas altas ou empréstimos com pagamentos em atraso fizeram com que o dinheiro fosse um assunto “ignorado”.
No vídeo abaixo, a Nath Finanças trabalha em mais detalhes a relação entre o dinheiro e a culpa:
Quais são os sintomas de crometofobia?
De acordo com uma reportagem da BBC, a crometofobia pode ter impactos físicos e comportamentais em uma pessoa.
No âmbito fisiológico, alguém com aversão a gastar dinheiro pode apresentar sintomas, como:
- falta de ar;
- taquicardia;
- aumento da pressão arterial;
- suores;
- náuseas;
- dores musculares;
- diarreia.
Já no ponto de vista comportamental, é possível que a pessoa tenha:
- ansiedade intensa ou medo irracional em relação ao dinheiro e situações financeiras;
- necessidade de evitar situações que envolvam dinheiro, como pagar contas, fazer transações bancárias, lidar com moedas ou notas, discutir finanças pessoais ou mesmo pensar sobre o assunto;
- pensamentos intrusivos e persistentes relacionados ao dinheiro, preocupações excessivas com perda financeira, falência, pobreza ou ficar sem dinheiro, mesmo quando não há motivo real para preocupação;
- ataques de pânico ou crises de ansiedade intensa quando exposto a situações financeiras;
- problemas na vida cotidiana, já que as preocupações com o dinheiro podem consumir grande parte dos pensamentos e limitar as oportunidades de crescimento pessoal e financeiro.
Vale lembrar que os sintomas da crometofobia podem variar de pessoa para pessoa e que essa fobia também pode oscilar em gravidade. Entretanto, segundo a CID, os sintomas devem persistir por vários meses e ser suficientemente graves para causar "uma deterioração significativa nas relações pessoais, familiares, sociais, educacionais, de trabalho ou em outras áreas importantes do funcionamento".
Como tratar a crometofobia?
Apesar de fobias terem diversos tratamentos possíveis, uma das principais maneiras de trabalhar esse assunto é através da terapia. Segundo a terapeuta financeira americana Khara Croswaite, a terapia de exposição é um ótimo exemplo de como trabalhar a crometofobia.
"Na terapia de exposição, você precisa desenvolver uma tolerância para o sofrimento causado por gastar dinheiro". Isso pode ser alcançado, por exemplo, com pequenas metas de gastos.
Após conseguir gastar R$ 10,00 em uma padaria, o paciente é estimulado a gastar R$ 15,00 na farmácia e assim por diante. Gastar dinheiro em presentes para uma pessoa especial é outra maneira de trazer mais alegria para essa experiência.
"Trata-se de usar a repetição para confrontar o medo com o apoio de um profissional da área de saúde mental", afirma a especialista.
Independentemente da maneira que a crometofobia é tratada, o mais importante é lembrar que se o medo excessivo de gastar dinheiro ou outro medo extremo qualquer afetar a vida normal de uma pessoa, ela deve procurar ajuda de um especialista.
Vale a pena conferir: A Terapia Cognitivo-Comportamental como uma aliada nas finanças!
Crometofobia x oneomania
Apesar da crometofobia não ser considerada um transtorno pela OMS, 3% da população brasileira sofre do “oposto” da crometofobia: a oneomania.
Na oneomania, as pessoas sofrem um desejo impulsivo de fazer compras, sem conseguir controlar o que é adquirido. A compra não acontece por uma necessidade (física), mas sim emocional, como um alívio para o sentimento de frustração, de ansiedade e depressão.
“São pessoas que compram itens desnecessários, compram frequentemente o que elas não podem pagar e acabam tendo dívidas ou falências”, explica a psicóloga Tatiana Filomensky.
Independentemente da relação que temos com nossas finanças, é possível ver quão próxima a nossa saúde mental está do nosso dinheiro. É por isso que a educação financeira se torna cada vez mais relevante para todas as pessoas!
Apenas ao saber lidar com o dinheiro de forma realista, focada e organizada, é possível alcançar sonhos e viver uma vida mais confortável. E quanto antes esse aprendizado for oferecido, como na infância ou adolescência, mais saudável será essa relação.
Se você quer saber mais sobre a importância da educação financeira para crianças, recomendamos a leitura do artigo que escrevemos sobre esse assunto. Até a próxima!