O consumismo pode se tornar uma doença? Conheça a oneomania!Tempo de leitura estimado: 6 min.
28 fevereiro 2023
Família
Muitos de nós já tivemos momentos em que estouramos o orçamento ou gastamos sem pensar. Entretanto, uma pequena parte da população vive com um transtorno que transforma essa exceção em rotina: a oneomania.
Consumir pode se tornar um vício que gera preocupação e angústia - mas que pode ser tratado, com as devidas orientações médicas. Continue a leitura e entenda tudo sobre o que é a oneomania.
O que é oneomania?
Oneomania, de acordo com o dicionário Aurélio, é um “desejo impulsivo de fazer compras e adquirir coisas”. Em entrevista para a Câmara dos Deputados, a psicóloga Tatiana Filomensky explicou que quem sofre de oneomania não possui nenhum controle sobre as compras que faz.
Ainda segundo a psicóloga, essas pessoas têm uma vontade de comprar algo que é entendido como irresistível, mas que se torna invasivo no dia a dia delas. “São pessoas que compram itens desnecessários, compram frequentemente o que elas não podem pagar e acabam tendo dívidas ou falências”. Dessa maneira, a compra não acontece por uma necessidade (física), mas sim emocional, como um alívio para o sentimento de frustração, de ansiedade e depressão.
Enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que 1% da população mundial sofre dessa doença, esse número chega a 3% quando olhamos apenas para a população brasileira. Em pesquisas da Universidade de São Paulo, foi descoberto que quem mais tende a manifestar essa compulsão são:
- mulheres (alguns especialistas afirmam que a proporção é de quatro mulheres para cada homem);
- pessoas jovens;
- internautas.
O vídeo abaixo, uma reportagem do programa Domingo Espetacular, aborda em mais detalhes o conceito desse transtorno:
Quais os principais sintomas da oneomania?
Apesar de cada pessoa demonstrar comportamentos distintos, alguns sintomas que costumam ser relacionados a oneomania, são:
- falta de controle durante as compras, sem ter um “freio” ao começar a gastar;
- comprar itens iguais ou sem utilidade para a pessoa;
- continuar comprando, mesmo quando está endividado;
- sofrer de transtornos de ansiedade e depressão;
- demonstrar sentimentos de culpa e tristeza após finalizar uma compra.
“Se essa semana ele comprou três blusas, na semana seguinte já está comprando duas calças e, na outra, quatro blusas de novo. Não tem a noção de que esse mês já gastou o quanto podia”, afirma a psicóloga do Ambulatório de Transtornos do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Quais os prejuízos causados pelo consumo compulsivo?
Apesar de muitos associarem o Transtorno do Comprar Compulsivo (TCC), com as dívidas que essa doença pode causar, esse não é o único prejuízo do consumo compulsivo.
Quando o consumo deixa de ser parte da nossa rotina para se tornar seu objetivo, os afetados podem:
- ficar muito tempo fazendo compras e buscando promoções como uma desculpa para gastar mais;
- sofrer com a culpa de gastar e a angústia de não conseguir deixar o vício de lado;
- ter problemas na convivência com familiares, amigos e colegas de trabalho;
- deixar de ter um estilo de vida saudável, já que a doença afetará seu sono e apetite.
Leia também: Entenda qual o impacto das finanças na saúde mental
Como ter uma vida financeira mais saudável?
Apesar de ser uma doença complexa, a oneomania pode ser tratada. Abaixo, listamos alguns dos passos a serem feitos para ter uma vida financeira mais consciente e saudável.
Diagnóstico e tratamento da oneomania
Apesar de a saúde financeira ser de extrema importância, é impossível buscar mudanças de hábitos sem, antes, tratar da saúde mental de quem sofre do Transtorno do Comprar Compulsivo.
Quem suspeita sofrer de oneomania deve procurar um profissional de saúde mental para diagnosticar e tratar transtornos associados à falta de controle de impulsos. Apenas com um acompanhamento médico, será possível entender as causas por trás desse comportamento compulsivo e tratá-lo a longo prazo.
Analisar, em detalhes, a situação financeira da pessoa
Com um tratamento médico adequado em andamento, o paciente estará mais confortável em analisar sua situação financeira para tomar as medidas necessárias. Segundo o acordo com o Serasa, para verificar a saúde financeira de uma pessoa, é necessário levantar:
- dados de todos os empréstimos, como taxas de juros e parcelas;
- se o CPF está negativado (a consulta pode ser feita gratuitamente no Serasa);
- todas as dívidas feitas em cartões de crédito e bancos.
Após entender quais são os débitos em aberto, o próximo passo é entender como eles serão encaixados na vida financeira da pessoa. Ou seja, esse é o momento em que será necessário avaliar:
- gastos fixos e variáveis;
- hábitos financeiros;
- salário e outras entradas financeiras (renda extra, aluguel de imóveis etc.).
Reorganizar o orçamento financeiro
Com todas essas informações em mãos, é hora de reconstruir a vida financeira da pessoa afetada pela oneomania. Isso deve começar pelas concessões que precisarão ser feitas a fim de aumentar a renda disponível para o pagamento de dívidas.
Desde se mudar para um aluguel mais barato até renegociar pacotes de internet e celular, é preciso entender quais despesas essa pessoa está disposta a “abrir mão” em prol de sua saúde financeira.
Mudanças na rotina também podem ajudar a economizar, como trocar o carro pelo transporte público ou levar o almoço de casa ao invés de sair para almoçar todos os dias. Ademais, é possível começar uma renda extra para maximizar o orçamento.
Com o orçamento revisado, é hora de entrar em contato com os credores e participar dos “Feirões Limpa Nome” para renegociar as dívidas. Vale lembrar que os credores querem receber o dinheiro, então eles estão dispostos a negociar um plano de pagamento ou oferecer descontos para pagamentos à vista.
Além disso, é importante saber que o afetado pela oneomania está passando por um tratamento extenuante e complexo - e que, provavelmente, terá recaídas. Por isso, sua rede de apoio deve trabalhar a empatia e o acolhimento, evitando julgamentos durante essa jornada.
A educação financeira também é essencial para evitar os comportamentos automáticos, que podem prejudicar a tomada de decisão, atrapalhando a recuperação de quem sofre de oneomania. Se você não sabe quais são esses comportamentos e como evitar cair nessa cilada, leia nosso artigo completo sobre o assunto.