Orçamento familiar: como falar sobre finanças com os filhosTempo de leitura estimado: 6 min.
28 outubro 2022
Família
Você já teve dificuldade em dizer não para seu filho com o argumento “não temos dinheiro para isso”? Conversar sobre dinheiro é um assunto complexo, ainda visto como tabu por muitos. Mas convidar as crianças a conhecer o orçamento familiar desde cedo é essencial para desenvolver uma melhor compreensão sobre a relação do dinheiro com nossa rotina, assim como nossos sonhos.
Se você nunca conversou sobre finanças com seus filhos, o texto abaixo vai te ajudar a quebrar o gelo e tornar esse diálogo mais fácil e, quem sabe, até divertido para todos. Confira!
Qual a importância do orçamento familiar?
Antes de abordarmos a necessidade de falar sobre finanças com os filhos, vale compreender a importância do orçamento para todos os membros da família. Afinal, o diálogo sobre esse assunto é uma das ferramentas que ajuda a manter a vida financeira da família equilibrada e saudável.
O orçamento familiar é uma estratégia de organização de gastos e ganhos, a fim de melhorar o controle das finanças do lar, além de servir como uma ferramenta de educação financeira para os filhos.
Se sabemos que crianças e jovens se espelham nos comportamentos dos adultos para aprender, isso não muda quando o assunto é dinheiro. O orçamento financeiro é um ciclo de ensino e aprendizagem, que pode (e deve) ser passado entre pais e filhos para ajudá-los a alcançar uma vida financeira controlada e tranquila.
Vale lembrar também que, no orçamento familiar, são traçadas metas para alcançar o que diferentes membros da família desejam. De uma viagem para Disney até um novo par de chuteiras para a filha mais nova, todos trabalharão juntos para conquistar bons resultados.
Não deixe de conferir: Planejamento financeiro familiar: o que é e como implementar
Como as crianças “enxergam” o dinheiro?
Apesar de 85% dos pais e mães ensinarem a importância de se ter uma vida financeira saudável aos filhos, muitas famílias se sentem inseguras sobre em qual idade começar a abordar o assunto. Pelo tema parecer denso e complexo, muitos adiam essa conversa por mais tempo que o necessário e atrapalham a formação de um relacionamento saudável com o dinheiro e outros recursos limitados.
Por isso, o primeiro passo ao falar sobre finanças e orçamento familiar é entender a visão das crianças e jovens sobre esses assuntos. Confira, abaixo, como cada faixa etária enxerga o dinheiro.
Crianças até 5 anos
Desde muito pequenas, as crianças já se interessam pelo dinheiro e querem entender como ele é ganho. Mas, por ainda não entenderem contas, valores e quantidade, o contato ainda deve ser esporádico.
Crianças de 6 a 11 anos
A partir dos 6 anos, as crianças já devem ter uma ideia sobre o que é dinheiro. Mesmo que seja apenas uma moedinha de R$ 0,10 colocada a cada duas semanas no cofrinho, ela terá uma experiência divertida, que vai mostrar a importância de economizar e pensar a respeito do dinheiro para os planos no presente e no futuro.
Adolescentes
Dos 12 anos em diante, o adolescente já está pronto para ganhar mais responsabilidades, como um aumento na mesada para comprar lanches na escola e investir em passatempos que lhe interessam.
Eles podem, também, ter uma voz mais ativa no orçamento familiar, ajudando a tomar decisões. E, como consequência disso, compreender a necessidade de definir metas e trabalhar em direção a elas.
Como engajar as crianças no orçamento familiar?
Como você pôde ver, é possível transformar o tabu do orçamento familiar em um momento de diálogo e aprendizagem. Para te ajudar a alcançar esse objetivo, separamos 4 atividades para engajar as crianças e os jovens no orçamento familiar.
Incentive a leitura
Um dos melhores investimentos que qualquer família pode fazer é na aprendizagem e isso inclui os livros. Com a literatura, as crianças podem aprender diversos temas relacionados às finanças de forma didática e lúdica.
Alguns dos livros sobre orçamento familiar e finanças direcionados para o público infantil, são:
- Como se fosse dinheiro, de Ruth Rocha;
- Almanaque Maluquinho: pra que dinheiro?, de Ziraldo;
- Guardiões da galáxia: o poderoso plano de Rocket, de Aubrey Sitterson;
- Crise financeira na floresta, de Ana Paula Hornos;
- Zequinha e a porquinha Poupança, de Álvaro Modernell;
- Como cuidar de seu dinheiro, de Thiago Nigro e Maurício de Souza;
- Meu poderoso cofrinho, de Clariana Barcelos;
- Porquinho gordo - Educação financeira e empreendedorismo para crianças, de Sandra Aegesen.
Desenvolva atividades lúdicas
Apesar de amarmos os livros, sabemos que nenhuma ferramenta educativa é tão divertida quanto os jogos. Mas além de engajar, as atividades lúdicas são ótimas para motivar os filhos a acompanharem o orçamento familiar.
Um exemplo é o jogo “Banco Imobiliário”, onde os participantes devem comprar terrenos e fazer empréstimos com cédulas de dinheiro específicas do jogo. Com versões para crianças, adolescentes e adultos, ele pode ajudar a explicar temas mais complexos como juros e empréstimos.
Outras atividades lúdicas que podem atrair os filhos são:
- Fazer uma gincana financeira, com atividades relacionadas ao orçamento familiar;
- Montar ou decorar os próprios cofrinhos da mesada;
- Criar elementos visuais para ajudar as crianças a economizar, com pinturas e desenhos em cada objetivo atingido;
- Desafiar as crianças a poupar dinheiro, oferecendo um valor extra de bônus ao vencedor.
Proponha aplicações simples
Um passo de extrema importância no orçamento familiar é o investimento da reserva de emergência e outras economias para otimizar o ganho financeiro. Então, por que não convidar os jovens a participarem desse processo?
Ao mostrar o que é investir e como separar parte do orçamento para o futuro, as crianças podem entender que trabalhar não é a única forma de “ganhar” dinheiro e ter uma vida financeira saudável.
Sem contar que ter pais investidores é o exemplo ideal para motivar as crianças a seguirem o mesmo caminho.
Use a mesada como ferramenta de aprendizagem
Apesar de já termos abordado a mesada anteriormente, sabemos que esse é um assunto sobre o qual surgem muitas dúvidas entre os responsáveis. Quanto dar de mesada, com qual frequência e a partir de qual idade?
Cada família possui diferentes limitações ao oferecer a mesada, desde tempo para ensinar sobre o dinheiro até a disponibilidade de recursos financeiros. Por isso, o primeiro passo é entender no orçamento familiar qual valor de mesada será confortável para todos.
O diálogo também é essencial, já que R$ 10,00 pode não ser suficiente para o filho comprar um lanche na escola todos os dias da semana. Ao conversar com os filhos, pratique a escuta ativa e busque chegar em uma mesada que leve apenas benefícios para todos os membros.
Se você quer saber ainda mais sobre como transformar a mesada em uma ferramenta de aprendizagem, temos um post completo sobre o assunto! Acreditamos que você conseguirá sanar muitas dúvidas no nosso artigo Mesada educativa: como ensinar as crianças sobre poupar dinheiro?.